Domingos de manhã passeados com vagar, fotografias, impressões e confidências feitas à cidade de Coimbra, suas casas e seus casos, seu rosto vivo, suas lágrimas e sorrisos.

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15 março 2008

Os painéis de João Abel Manta em Coimbra (continuação)

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Fotografar o painel de João Abel Manta que se encontra no jardim (???...) da Associação Académica de Coimbra, no seu conjunto, é uma tarefa difícil.
As luzes, as sombras, a desarrumação geral à sua frente, o "horizonte" deprimente, produzem um resultado sempre problemático.
Já tentei mais do que uma vez, mas terei de regressar ao local e tirar proveito de condições de luz natural um pouco mais propícias. Tratar do jardim e organizar a paisagem... está para além das minhas posses...
O que junto abaixo é apenas para dar uma ideia:


falta foto, desculpas


.Ainda ontem um amigo meu referia as empolgantes recordações que tem deste espaço e das enormes e vividas assembleias de estudantes (cidadãos!...) que ali tiveram lugar em 1962.
Que é feito de toda essa gente?

No primeiro sector do lado esquerdo os labores do cinema, seguidos dos operadores da rádio:


falta foto, desculpas
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a seguir, o canto e os seus intérpretes:
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falta foto, desculpas


. depois, a leitura e as danças:
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falta foto, desculpas
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meio escondido pela vegetação supérflua (como tantas vezes no domínio da "realidade cultural"), o teatro:
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falta foto, desculpas


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A obra no seu todo está referenciada, por exemplo, no catálogo que foi feito por ocasião da grande exposição da obra gráfica de João Abel Manta, em 1992, em Lisboa, no Museu Rafael Bordalo Pinheiro.
Na página 318 lá está: "...painel de azulejos decorativos para a "Associação Académica de Coimbra", e o tema designado para o mesmo é: "Actividades Culturais Estudantis".
A seguir, nas páginas 320 a 323 encontram-se reproduzidas as composições gráficas e as montagens quer deste painel do "jardim" quer daqueles que se encontram na parte exterior da mesma AAC, visíveis da Avenida Sá da Bandeira.

Logo que me for possível procurarei complementar e desenvolver o material aqui apresentado, acrescentando algumas considerações mais detalhadas.
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02 março 2008

"Auprès de ma blonde" uma canção antiga, bonita e um bocadinho erótica (pourquoi pas?) que é nome de "trombinoscópio"

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O “trombinoscópio” é uma invenção (entre muitas outras) de um engraçadíssimo conjunto de músicos-actores-animadores, que esteve presente na baixa de Coimbra, no Largo de Sansão (nome antigo e muito mais engraçado que um histórico “8 de Maio”), no dia de hoje, 1 de Março de 2008, no contexto das iniciativas da Semana Cultural da Universidade de Coimbra.

Os artistas são: Thierry Daudé (Trompete), Alfred Spirli (Percussão), Daniel Malavergne (Tuba), e Philippe Neveu (Oboé Languedócio).

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Tirei muitas fotografias dos rapazes, que improvisam música ao mesmo tempo que aproveitam um talento particularmente desenvolvido para interagir com todo o público ali presente.

Hoje não posso pô-las todas aqui, porque já é tarde, mas um dias destes, quem sabe...

A manhã terminou feliz para nós, com um simpático almoço no “Salão Brasil”, onde além da refeição, também fomos “servidos” com música gravada de Rão Kyao (o seu formosíssimo “Porto Interior”, que tem assim ares de China e Portugal casados em harmonia doce !...).

O Salão Brasil, a entrada lá para cima é ali ao lado direito:


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01 março 2008

Os painéis de João Abel Manta em Coimbra, um tesouro muito mal estimado!...

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Muita gente que usa (e usou...) capa e batina, passará ao longo deste trecho da Avenida Sá da Bandeira, à frente do Teatro Académico de Gil Vicente e do complexo de
instalações da Associação Académica de Coimbra, não tendo reparado atentamente nos painéis de João Abel Manta, de 1958, que ali se encontram aplicados.

É possível, e é de lamentar que uma tal coisa possa acontecer, até porque os sete painéis do grande artista (merecedor de destaque no elenco dos maiores da História da Arte em Portugal, e não apenas do seu século) é uma obra dedicada "à evolução do traje académico"!...

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agora de inverno é possível avistar o painel daqui, com a simpática nota musical dos repuxos saltitantes. Assim que chegar a primavera (Deus a traga!...) adeus oh painel...



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Quem se debruce de forma cuidada sobre o actual estado de toda aquela frente do edifício, reparando no estado de manutenção do edifício e na sua apresentação estética, ficará triste, por certo.
Tudo muito descuidado (para dizer pouco...) sofrendo a obra aqui em apreço de um efeito de desprestígio evidente. Digamos que tudo concorre para que "ninguém a veja"!...

É uma vergonha que, não obstante, não fica por aqui: no jardim (???...) da Associação, lá atrás, há um outro notável painel de azulejos, também de autoria de João Abel Manta, sobre o tema "actividades culturais estudantis", votado ao mais desprestigiante abandono!...

Aqui por baixo se reproduzem dois dos que documentam o traje académico nos séculos XVIII, XIX e XX, respeitando as reais proporções dos painéis (aqui tratados para não serem vítimas do erro de perspectiva que afecta o observador que os contemple de perto, ao nível do solo).

O painel aqui apresentado em primeiro lugar, entretanto, encontra-se parcialmente oculto por um indisciplinado "ramalhão". Para o mostrar assim, foi preciso um bom bocado de trabalho com o Photoshop.
Quanto ao desordenado arbusto, não é que eu seja inimigo da natureza, mas se há tanta árvore nobre que é abatida sem piedade, que será que ele ali está a fazer?...


falta foto, desculpas



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falta foto, desculpas

Nestes, como noutros painéis, é observável a sua degradação (azulejos quebrados, além de outras mazelas).
O "recinto" relvado, a vedação com marcos de ferro e correntes (um deles por terra), o estado da parede com grafitos e muita sujidade, as janelas muito mal "lavadas" e com aros ferrugentos (e letras a preto e branco lá por detrás que ali estão a fazer nada, além de lixo visual...), em suma, está tudo para ali a "ajudar o pai, que é pobre"!...

A configuração dos painéis é feita da forma sempre muito engenhosamente estética que João Abel Manta imprime a todas as suas criações, portadoras, além do mais, duma riquíssima gama de alusões de ordem cultural.
O desenho é elegantíssimo e de uma limpidez expressiva inigualável, fazendo concorrer neste caso 3 elementos caracterizadores:
  • à direita, um par de estudantes envergando o traje académico, apenas com ligeiras variantes;
  • à esquerda, um casal de cidadãos comuns (em Coimbra pouco elogiosamente designados, antanho, como "futricas");
  • em fundo, um detalhe arquitectónico de uma obra monumental que pode contextualizar a paisagem artística da cidade, de forma aproximada, relativamente ao período estudantil respectivo.
O desenho hierarquiza os diversos elementos figurados através das diferenças de espessura dos traços e da sua coloração, o que também assinala a diferença dos planos em que se situam.
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E aqui, para que conste, com ferro velho e silvas à mistura (ou coisa que o valha) um aspecto colhido em dia de chuva (melhor assim porque não se vê a miséria toda) o tal "painel das traseiras":




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Comentários poderá toda a gente fazê-los, mas em vão.
Uma vergonha destas, não há comentários que lhe valham!...

O tratamento desta questão deveria ser parte de uma apreciação especializada e profissional (que não cabe aqui fazer-se) de todo o complexo do TAGV e da AAC, conjunto monumental muito significativo do património recente da cidade de Coimbra, todo ele precioso para a sua actualidade cultural, instalações e serviços activos que conviria manter no mais elevado grau de aprumo funcional, técnico e estético.
O Teatro Académico de Gil Vicente é uma entidade pública sob a administração da Universidade de Coimbra.
A Associação Académica de Coimbra e todos os seus organismos autónomos são entidades do mais elevado interesse para estudantes e não estudantes e devem merecer a maior atenção de todos nós, cidadãos de Coimbra e de fora dela.

Se servem a cultura como têm servido e se pertencem à memória de enriquecimentos culturais de tanta gente que os tem frequentado, é bom que continuem a poder fazê-lo.
Se servem a cultura, servem-se do apoio de todos nós, alunos que fomos e pais de outros alunos ou simples cidadãos contribuintes que olhamos as coisas com o direito legítimo de ver o que está bem e o que está mal.
O aspecto exterior que evidenciam estas casas, estes espaços e o seu adorno artístico não é indício de grande cuidado, nem do melhor nível de atenção.
“O que está bem, bonito parece”, é uma observação simples, com a vulnerabilidade natural de tudo o que diz o povo, mas nem por isso verdade menos respeitável.

O que é que funciona mal, ou o que é que não funciona ali?

Numa data posterior, continuarei a observar, com mais detalhe, os simples aspectos exteriores da degradação e do descuido que são evidentes.
Dentro, ao âmago das questões, porventura mais candentes, não me compete chegar.
Cada um que assuma as suas devidas responsabilidades.



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Se falo de passear Coimbra num fim de tarde, é nisto que estou a pensar:

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falta foto, desculpas

numa tarde de luz tão ternamente atlântica


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uma multidão de gaivotas descansa sobre o artificial Mondego



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caminhar é preciso!...



E já agora, a respeito da baixa de Coimbra:
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A única coisa que a baixa de Coimbra não precisa é de que venha acrescentar-me ao número daqueles que tão lamentosamente debatem a sua decadência.
Só me ocorre dizer que, para além de todos os problemas que são ventilados por muitas outras pessoas muito melhor do que eu, a baixa também é uma questão de opção e de cidadania.
Se quiser ir à baixa, vou.
Se a oferta de serviços, se os locais de convivência e de cultura, se os estabelecimentos com rosto humano me convierem, porque não na baixa?
E é isso que faço, em dia de Sábado à tarde, a pé e levando comigo (além da melhor companhia…) aquele vagar que também inclui olhos para ver as coisas como se fosse pela primeira vez.

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O sagrado, o profano e ganha um doce quem souber onde se situam estas coisas:

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Com um grande abraço a todos os meus simpáticos visitantes que tantos recados me têm mandado para que volte a publicar aqui os meus passeios por Coimbra, desejo informar que sim, que estamos de regresso (os passeios, as palavras e as respectivas imagens)

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Das varandas cá de casa também posso passear Coimbra (e assustar-me com ela...)

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