Domingos de manhã passeados com vagar, fotografias, impressões e confidências feitas à cidade de Coimbra, suas casas e seus casos, seu rosto vivo, suas lágrimas e sorrisos.

Acerca de mim

12 agosto 2007

A paisagem de hoje, é dentro: não tem horizontes que seja preciso tratar pelo nome

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Existe uma guerra surda entre as palavras e o mundo da comunicação.
As palavras estão cercadas por todos os lados; defendem-se como podem das avalanches da vulgaridade, dos anúncios, da trôpega linguística do poder feito espectáculo.
A barbaridade mediática esmaga todo o significado de certas palavras que deviam ter direito de refúgio em áreas de pudor literário, no esplendor do teatro, na sacrossanta ilusão da poesia. .

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Se falo de paisagem corro o risco de vos lançar em rosto qualquer coisa da futilidade turística, do analfabetismo autárquico, da empáfia dos arquitectos palavrosos.
Quase todo o tempo é gasto a contemplar o mundo por fora, as suas notoriedades, a sua tantas vezes ilusória magnificência.
Saio de manhã a caminhar através da manhã delicadamente fresca de um Agosto de cinza e luzes quasi-outonais.
E as paisagens que visito são iguais à ternura do desapego, à saudade das coisas eternas, à distância magoada da tristeza.
A paisagem de hoje, é dentro: não tem horizontes que seja preciso tratar pelo nome.
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falta foto, desculpas
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Olho simplesmente as ervas que passeiam por mim à beira dos caminhos; todo o ser é igual à sua transcendente e ignota humildade.
Mortos seremos todos como flores secas; e vivos somos um tanto ou quanto iguais nelas em tudo, excepto na ferocidade e no desejo.
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Debruço-me entre o vago suor da fresca manhã estival e a pequena brisa que me traz notícias do país de Outubro: olho de mais perto a preciosidade de uma flor silvestre entre muitas outras. O meu coração bate, não sei quantas vezes, e nenhuma pena tenho de me ir assim, entretanto, aproximando da morte.
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falta foto, desculpas
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Os canaviais são outra faceta das paisagens anónimas de antes e de nunca.

As reminiscentes hortas semi-abandonadas; os poços de tijolo a esmo sem reboco, povoados de musgo e de insectos indecifráveis com milhões de anos; poço aqui tão esplêndidamente inútil que dentro dele ganhou presença viva uma árvore que fica assim parecida a tantas obras de arte de que não fala o tempo, servindo apenas para que nelas poise um olhar breve e casual
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falta foto, desculpas
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um muro tão solitário que jamais serviu para que neles se encostasse, tremente, a ilusão de namorados.
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Fecho a caminhada passando por algumas flores mais intensamente coloridas.

Entre elas as sardinheiras, cuja cor e presença não desistem nunca, fazem-me lembrar o meu querido avô, por ser a flor que preferia.
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As sardinheiras, flores que olho pensando na limpidez dos corações generosos: sempre de pé no seu posto, prontos para dar tudo, seja qual for o tempo e a estação.

4 comentários:

circuit disse...

lindo :)

Lília Mata disse...

Imagens fabulosas, escrita também. Parabéns!

Ana V. disse...

Obrigada pela visita que venho retribuir! É verdade que tenho andado para as suas bandas, Coimbra é mesmo uma cidade muito bonita. E a serra da Lousã só fica em segundo depois de Sintra... Um beijinho e vá "aparecendo"!
meiadeleite

Unknown disse...

Conhecer Coimbra é meu sonho, e até que se realize, apreciar essas imagens é pura magia em minha vida...
Suely.

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